Beatriz Vidal

Seminário

Estudo sobre a obra de Rafael Codognoto

A obra que mais me trouxe impacto foi o grupo de trabalhos chamado “Flora Schachter”, que foi produzida a partir do descarte de fotografias, documentos, roupas, e outros objetos pessoais de uma mulher chamada Flora- sendo encontrado nas calçadas de Curitiba em 50 sacos de lixo. A produção da obra ressignifica e resgata não apenas uma história, mas da dignidade de existir e viver neste mundo, abandonando apenas o material. Quanto valor tem nossa vida? Quanto temos controle sobre o que possuímos? Possuímos nossa alma, nossa vida? Quando nós morrermos, vamos dar adeus aos nossos objetos, ou iremos nos solidificar neles, ali vivendo?

A obra que funciona a partir do descarte torna material o sensível e o intangível- quando deixamos traços da nossa existência no mundo, eles podem cair no esquecimento da mente, mas pode ser resgatado do descarte e reavaliado com um olhar crítico. A obra não é feita apenas do objeto. Ela é feita dos sinais de uma vida que esteve ali.

Como exemplo, citamos uma toalha de enxoval descartada, vista como testemunho de uma possível história que inclui a pessoa que bordou, os diferentes usos por que passou, e a ocasião que levou a jogá-la no lixo. Ou seja, um objeto impregnado de memória e prenhe de significações, originalmente destinado ao esquecimento, é resgatado do abandono e passa a integrar uma obra de arte. Ganha assim uma nova vida, integrado numa obra que amplia suas interpretações.

4. apresentação de conceitos-chave usados pelo artista para justificar seus trabalhos;

Um dos conceitos mais recorrentes envolvidos na produção de arte de Rafael Codognoto é o de Impregnação.

Refere-se a conteúdos e valores abstratos associados a um objeto de segunda mão, que contrariamente a um objeto novo, não apenas evoca a função a que se destina, como traz uma história impregnada de símbolos, conflitos e vínculos de estima.